domingo, 17 de novembro de 2013

Um novo detetive na área


Sherlock Homes, Algust Dupin e Hercule Poirot têm um novo concorrente na área, o detetive particular Cormoran Strike, protagonista do segundo romance para adultos da autora de Harry Potter, a soberana J. K. Rowling, e o primeiro dela usando o pseudônimo de Robert Galbraith (uma tradição literária mantida desde os séculos XIX e XVIII, onde as mulheres não podiam escrever a adotavam um pseudônimo de homem, tal como George Sand, a primeira grande dama a fazer fama com o método), o romance O chamado do cuco (Rocco, 2013). Mas, os fãs de literatura de mistério logo irão notar que o detetive perneta (sim, ele só tem uma perna), Cormoran Strike, tem muito mais o calor dos detetives de romance noir das décadas de 1950 e 1960, do que a magia onisciente dos detetives citados à cima. Isso porque apesar das atitudes clássicas, como esconder a identidade do assassino até o último momento, o grande Cormoran Strike (grande porque também é um brutamontes peso pesado) não sabe tudo, mas se arrisca bastante, sendo um fracassado que procura se levantar do fundo do poço.
J.K. Rowling
Isso porque o coitado levou um pé na bunda da namorada de longa data, que já está noiva de outro, além de estar devendo uma quantia enorme ao pai dele, um astro do rock que ele odeia, e o fato (já mencionei?) de ele ter perdido uma perna, bem como metade de seu amor próprio. E é assim, endividado, machucado e chutado, que ele conhece a espeta Robin, uma secretária que parece que caiu do céu para ajuda-lo a desvendar o caso sinistro que cai em suas mãos: o assassinato de uma supermodelo.
E é com esse assassinato que o livro começa, relatando os instantes após o suposto suicídio da beleza negra Lula Landry (vulgo cuco). Três meses depois, o irmão mais velho dela (adotivo), procura o detetive pedindo que ele investigue o caso, pois não acredita que a irmã tenha se matado. Daí a trama realmente começa. E é uma viagem pelo mundo da fama, do glamour, das drogas, dos porões das famílias ricas de Londres e do passado infeliz dos personagens da trama.

Se, em si, Rowling ou Galbraith não trouxeram nada de novo à arte literária, pois o livro consegue ser sim muito clichê em vários pontos, a autora consegue cativar o leitor desde o primeiro capítulo. Seu talento para criar personagens bem desenhados, que marcam e ficam gravados no leitor é indiscutível. Com certeza a sombra desses personagens irá continuar nítida na mente do leitor após fechar o livro. E, quanto a definição de “livro para adultos”, eu descordo. Acho que Rowling fez algo muito coerente e bom (principalmente em termos de venda) para ela, que foi escrever para os leitores de HP que cresceram, o que faz o livro agradar desde pré-aborrecentes de 13 anos até leitores mais experientes, de 52, que gostam de literatura policial, afinal, o garoto bruxo também estava sempre desvendando mistérios, o que nos permite afirmar que Rowling sempre escreveu histórias de detetive. Uma boa pedida para quem quer se divertir lendo. 

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