Um dos maiores escritores sul-americanos, e também agraciado com o premio Nobel de literatura, o
colombiano senhor do realismo fantástico, Gabriel Garcia Marquez, já é quase um icone da cultura pop latina-americana. Em seu discurso de posso do premio mais cobiçado do mundo intelectual, falou sobre a solidão
da América Latina. Uma solidão calcada na incompreensão de um mundo que a
desconhece, e no abandono, tanto político quanto existencial que a cerca. E ele
diz, “é nisso que consiste nossa solidão”.
Entretanto, a solidão de sua maior
obra, o monumental Cem Anos de Solidão, é muito mais sólida, calcada na
magnitude da própria solidão humana, em sua busca por plenitude e completude e
todo esforço para se manter firme no vácuo. E é desse pressuposto que parte a
obra, calcada na trajetória solitária de uma família ao longo de cem anos de
sua história. Essa família, todavia, não é uma mera composição de homens e
mulheres com laços de sangue, essa família é a composição de toda uma America
do Sul incompreendida e em busca de sua realização.
Gabriel Garcia Marquez |
Mas a trama em si se sustenta, e
somos levados por ela, nos transportando para o povoado mágico de Macondo, onde
os Bendia são uma das famílias de maior prestigio. O elemento fantástico
permeia toda a trama, e constantemente somos apresentados à situações no mínimo
incomuns. Assim, o mundo de Garcia Marquez é um mundo só seu, do qual somos
convidados para explorar. Mas é um mundo tão sólido, construído sobre alicerces
tão fortes que é a palavra, que chegamos a sentir seu gosto. Mesmo depois de
ter terminado o livro, não é possível esquecer-se do que acabamos de ler, ao
contrário, é como se a Macondo mágica do livro construísse uma parte sua em
nós.
O grande apelo da obra está na capacidade do autor de fazer entrever as questões existenciais de seus personagens através da história do lugar onde estes habitam, pois a cidade imaginária da história começa e termina com a chegada do primeiro e a morte do último membro da família, o que demonstra que a geografia do romance é meramente simbólica. Do mais, ele faz da história da própria América Latina a matéria prima que gera os fatos narrados no romance. Deste modo, Marquez entrelaça a existência humana em sua solidão natural e brutal, que busca a inatingível plenitude ao lado de outros sujeitos igualmente solitários, costurando a relação dessa busca com o ambiente em que vive o homem. Motivo pelo qual a solidão do romance é tão latina, tão nossa.
O grande apelo da obra está na capacidade do autor de fazer entrever as questões existenciais de seus personagens através da história do lugar onde estes habitam, pois a cidade imaginária da história começa e termina com a chegada do primeiro e a morte do último membro da família, o que demonstra que a geografia do romance é meramente simbólica. Do mais, ele faz da história da própria América Latina a matéria prima que gera os fatos narrados no romance. Deste modo, Marquez entrelaça a existência humana em sua solidão natural e brutal, que busca a inatingível plenitude ao lado de outros sujeitos igualmente solitários, costurando a relação dessa busca com o ambiente em que vive o homem. Motivo pelo qual a solidão do romance é tão latina, tão nossa.
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