domingo, 17 de novembro de 2013

De dentro da redoma



Que tal encarar um livro um pouco mais grosso que o habitual? Por um pouco, digamos, umas 950 páginas? Parece muito, mas quando é Stephen King o autor a noção de tempo e espaço se torna extremamente relativa, e você simples irá ficar preso no livro. E exatamente esse o efeito que Sob a redoma (Suma Das Letras, 2013) causa no leitor. Frenético, contato em um ritmo de tirar o fôlego, com cenas que são verdadeiras tomadas cinematográficas, é impossível largar o livro antes de chegar ao seu final.
Stephen King
A história de Sob a redoma já foi comparada com o filme dos Simpsons, mas com bem menos comédia. E se a história soa absurda, um pouco clichê, com uma tirada que foi digna de uma animação de comédia, a trama de King não deixa nem por um segundo de perder o fôlego do mestre do suspense, e consegue enredar o leitor em uma teia sutil que o faz imaginar um universo bem provável nesse mundo absurdo, um universo até coerente se posto em pauta o universo do próprio livro.
A ideia em si já assusta: uma cidade totalmente isolada do mundo. Entrar é impossível, sair também, só se pode permanecer e sofrer as consequências de ser um rato de laboratório (opa!, quase um spoiler). Nessa cidade pequena que subitamente se viu refém de uma cúpula invisível (cúpula e redoma são a mesma coisa?), interesses ocultos começam a mexer os fios que controlam a pacata vida da cidade, e o resultado é um inferno em expansão por toda obra.
Capa brasileira 
Muitos são os personagens que povoam o quilométrico romance de Stephen King. Dentre eles, o herói (que não consegue em suma fazer nada heroico) Dale Barbara, um ex-oficial do exercito que ficou preso na redoma, e agora precisa lidar com a fúria do grande vilão da história, o segundo vereador e trambiqueiro de carros usados, o balofo Big Jean. Como politico, Big Jean usa a cidade como faixada para exercer seus negócios ilícitos, enquanto controla tudo como se fosse o quintal de sua casa, quase como um coronel ao estilo nordeste brasileiro. E quando seus interesses são ameaçados, a redoma pode ser apenas um problema secundário na vida dos prisioneiros.
Em suma, os personagens são bem traçados, e você logo se identifica com um e outros, enquanto suas imagens te perseguem mesmo após fechar o livro. É uma grande experiência esse romance, fruto da maturidade do autor, que já havia o começado trinta anos antes e parado, por não saber como concluir. Mas agora, a obra não decepciona em nada e faz jus ao nome do autor de clássicos como O iluminado e À espera de um milagre. (Menções essas que dispensam qualquer outro comentário sobre o autor). Quanto a obra, ainda na lista das mais vendidas nos EUA e também no Brasil, já ganhou uma série televisiva e promete uma segunda temporada por aí. 
Eu já era fã deste velho, e fui dos que comprou o livro já logo depois que ele saiu, apesar de só tê-lo lido agora. Mas valeu a pena, ele me fez perder algumas noites de sono, lendo até 4 ou 5 horas da manhã sem parar. Por isso superrecomendo. E, fica aberto aqui um marco, pois esse é o primeiro post de um livro do Stephen King aqui no blog (o que já estava na hora), mas com certeza não será o último. 

Poster da série:


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