Postamos há algum tempo aqui um
post especial sobre livros para ler em um dia. Mas, como não só de história
curtas vive a literatura, vamos falar agora do extremo oposto: livros muuuuuito
longos.
E então? Já leu um livro tão grande
que até segurar foi difícil? Pode parecer exagero livros grandes assim, principalmente
para os termos da literatura de hoje, onde a brevidade é um dos elementos
críticos mais importantes. Italo Calvio, a vinte anos, já dizia que uma das tendências
da literatura nesse nosso milênio seria a rapidez e a brevidade (vide Seis propostas para o próximo milênio,
Companhia da Letras, 2007), o que só veio se concretizar completamente na
geração 140 caracteres.
Entretanto nem sempre foi assim, na
verdade, até pouco tempo atrás, na literatura tamanho era documento sim, e
muitos escritores só eram reconhecidos por suas obras longas. Mesmo poetas tinham
seu valor medido pela extensão de seus poemas, sendo que os mais longos eram
batizados como “suas maiores (no sentido de valor) obras”. E mesmo hoje, em
plena geração Twitter, algumas obras longas têm surgido e se firmado como obras
fundamentais da literatura.
É preciso ressaltar que existem
duas formas de livros enormes: o estilo George R. R. Martin e Stephen King,
onde existe uma grande quantidade de personagens e acontecimentos para dar
volume ao livro (dizendo isso sem qualquer julgamento), e aquelas obras que são
complexas em sua temática e construção dos personagens, e muitas vezes se fazem
prolixas mais pela estrutura narrativa e profundidade do elemento humano que
dos fatos narrados.
Conheça agora alguns livros enormes
que você deveria ler:
1-
Em
Busca do Tempo Perdido – Marcel Proust
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Capa do último livro |
Totalizando sete livros, em mais de
quatro mil páginas, são dezenas de personagens que se cruzam em histórias de
amor, ciúmes e inveja, na França da Belle Époque. A narrativa vai passando do
detalhe ao painel e do painel ao detalhe sem projeções definidas, num constante
reajuste de tudo aquilo que nunca será perfeitamente ajustado.
A obra é um
retrato da sociedade de uma época, um mergulho no universo da burguesia
francesa que permite que o leitor sinta as divergências entre nobres e burgueses.
Ao mesmo tempo, o livro é uma construção arquitetônica, focada no tempo que
encarna uma vasta catedral, o que torna um livro bastante complexo.
2-
A
Montanha Mágica – Thomas Mann
Num sanatório na Suíça, reúnem-se
indivíduos de várias raças e credos. Aí se entrelaçam problemas, inquietações,
sofrimentos de toda ordem. Construído nos anos seguintes à Primeira Guerra
Mundial, este romance é o mais completo painel de uma Europa enferma, à procura
de uma unidade. Prêmio Jabuti 2001 - Capa e Produção Editorial. Eleito um dos
cem livros mais importantes de todos os tempos pelo Círculo do Livro da
Noruega. O livro tem mais de 900 páginas.
3-
Doutor
Fausto – Thomas Mann
Baseado em um dos mitos mais antigos da Alemanha, Thomas Mann compõe uma história que é a um só tempo uma sátira e uma tragédia, ao combinar uma história de amor destinada ao fracasso, com os acontecimentos de seu próprio país em plenos dominio nazista.
Narrada pelo seu amigo, o professor
Zeiblom, esta é a história do músico Adrian Leverkuhn que, como o Fausto da
lenda, vende a alma ao Demônio a fim de viver o suficiente para realizar sua
grande obra.
Publicado em 1947, este livro faz parte do período final da
atividade criadora de Thomas Mann, sendo
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Thomas Mann |
tecnicamente o seu romance mais ousado,
no qual música e política, realidade e símbolo, fato e ficção combinam-se num
grande panorama que, segundo Otto Maria Carpeaux, "alcançou uma altura na
qual nenhum dos seus contemporâneos foi capaz de acompanhá-lo, o que também o faz um dos livros mais difíceis do autor para ser lido. Para compor os personagens, Mann se baseou na biografia do grande filosofo alemão Nietzsche, construindo um contundente cenário sobre a arte e o espirito do significado de se ser alemão. Mas, mais do que isso, sobre o destino da própria humanidade. O livro tem quase 800 páginas.
4-
Ulysses
– James Joyce
Um homem sai de casa pela manhã,
cumpre com as tarefas do dia e, pela noite, retorna ao lar. Foi em torno desse
esqueleto enganosamente simples, quase banal, que James Joyce elaborou o que
veio a ser o grande romance do século XX.
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James Joyce |
Inspirado na Odisseia de Homero,
Ulysses é ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu
amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904.
Tal como o Ulisses
homérico, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar
ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse
personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referências
culturais, num caleidoscópio de vozes que tem desafiado gerações de leitores e
estudiosos ao redor do mundo, e totaliza mais de 800 páginas.
5-
A
Dança da Morte – Stephen King
Uma poderosa arma biológica,
conhecida formalmente como Projeto Azul ou "Capitão Viajante", acaba
presumivelmente com grande parte da população do planeta. Apenas uma pequena
parcela da população é resistente ao vírus, que é extremamente mortal. O romance narra em três partes a vida destes sobreviventes, que em um mundo pós apocaliptico precisam enfrentar muito mais perigos que apenas o virus mortal.
Não o bastante, é apontado por muitos como o melhor trabalho de Stephen King. O livro ganhou uma série para a televisão, e até hoje consta entre as obras mais vendidas do mundo, sendo esse um sucesso que faz jus ao esforço do escritor, que compos uma obra de praticamente mil páginas.
6-
Guerra
e Paz – Liév Tolstói
O romance foi publicado em partes
na revista Mensageiro Russo entre 1865 e 1869. Ele alterna de maneira precisa a
História - tendo como protagonistas Napoleão, o tsar Alexandre I e o general
Kutuzov no período da campanha napoleônica contra a Rússia entre 1805 e 1812 -
e o enredo ficcional, cujo fio condutor são a vida, as misérias e os amores de
duas grandes famílias aristocratas, os Rostov e os Bolkonski, por sua vez
protagonistas de um mundo em plena decadência. O curioso, é que quando Tolstói começou a escreve esse livro ele tinha uma ideia completamente diferente do resultado, como se o livro tivesse ganhado vida. E em seu estado de fulgor criativo, Tolstói escreveu mais de duas mil páginas.
7-
Anna
Kariênina – Liév Tolstói
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Toltói |
Estruturado em paralelismos, o
livro se articula por meio de contrates - a cidade e o campo; as duas capitais
da Rússia (Moscou e São Petersburgo); a alta sociedade e a vida dos mujiques; o
intelectual e o homem prático, etc. O tema é descentralizado a cada novo
episódio. Os dois principais personagens, Liévin e Anna, só se encontram uma
vez, em toda a longa narrativa. Mas nem por isso estão menos ligados, pois a
situação de um permanece constantemente referida à situação do outro.
Anna
viaja a Moscou para tentar salvar o casamento em crise de seu irmão. Consegue
ajudá-lo, mas acaba pondo a perder o seu próprio, apaixonando-se por um
aristocrático militar por quem larga o marido e o filho pequeno. Liévin, um
rico e jovem proprietário de terras rurais, vive às voltas com problemas de
conflitos de classe de seus lavradores e questionamentos existenciais
profundos. E através do paralelo com que Tolstói compos seu segundo grande trabalho, inaugurando uma nova fase do escritor, o livro segue o caráter moralista que marca alguns livros do ao autor, e apesar de ter sido um verdadeiro escandalo na época, o livro fez um sucesso que reassegurou ao escritor russo seu posto de um dos maiores do mundo. O livro totalizou dessa forma mais de 800 páginas.
8-
Os
Irmãos Karamázov – Fiódor Dostoiévski
Fiodor Dostoievski é considerado um
dos maiores escritores russos do seu tempo. Discutiu o materialismo e a fé, o
racionalismo e o pensamento ecumênico, a violência e o sentido da humanidade.
Todas as contradições da época estão presentes em seus romances. Os Irmãos
Karamazov (1879-80) é considerado a obra prima de Dostoievski. O livro causou
grande impacto literário: mais uma vez escreve sobre um crime, desta vem um
parricídio.
Não é para menos que Freud chamou o livro de "o maior romance de todos os tempos". E seja pela intensidade ou número de páginas, o livro é publicado no Brasil em dois tomos, e tem mais de mil páginas.
9-
Os
Miseráveis – Victor Hugo
O fio condutor é o personagem de
Jean Valjean, que, por roubar um pão para alimentar a família, é preso e passa
dezenove anos encarcerado. Solto, mas repudiado socialmente, é acolhido por um
bispo. O encontro transforma radicalmente sua vida e, após mudar de nome,
Valjean prospera como negociante de vidrilhos, até que novos acontecimentos o
reconduzem ao calabouço. Uma epopeia moderna de cunho social, que foi no tempo de sua publicação um verdadeiro best-seller, e isso antes da mídia. O livro vendeu tanto na França, que sua primeira edição esgotou em menos de uma semana. As cinco partes que formam esse livro totalizam juntas mais de mil páginas.
10- O Conde de
Monte Cristo – Alexandre Dumas
O futuro do jovem marinheiro Edmond
Dantés parecia promissor. No entanto, a conspiração de três inimigos invejosos
ocasionou sua prisão por catorze anos. O que ninguém esperava era que ele
conseguiria sair da prisão, com uma sede de vingança que não pouparia nenhum
dos responsáveis pela sua tragédia.
O livro foi públicado originalmente no formato folhetim, e foi desde sua publicação um sucesso de publico, o que fez com que o romance terminasse com mais de mil e duzentas páginas.
11- As
Benevolentes – Jonathan Littel
Este livro trata dos horrores da
Segunda Guerra Mundial sob a ótica do carrasco. São as memórias de Maximilien
Aue, jovem alemão de origem francesa que, como oficial nazista, participa de
momentos sombrios da recente história mundial - a execução dos judeus, as
batalhas no front de Stalingrado, a organização dos campos de concentração, até
a derrocada final da Alemanha, em 1944.
Mas Aue não tem somente lembranças de
guerra. Vivendo anonimamente na França, onde administra uma tecelagem, ele se
recorda, também, de sua deturpada relação com a família, compondo um livro
impressionante, assombrado tanto por sua fria meticulosidade quanto por seu delírio
insano.
Tentando escrever uma obra digna de um Tolstói, o romance de Littel totaliza mais de 900 páginas.
12- Contra o
Dia – Thomas Pynchon
Pynchon é um escritor prolixo por natureza, e não negando o nome, este romance ultrapassa as mil páginas para contar a história de quando Webb Traverse, um anarquista
do Colorado com pendor para explosivos, é morto pelo magnata Scarsdale Vibe,
seus quatro filhos decidem vingá-lo. Ao mesmo tempo, um grupo de jovens
aventureiros, os Amigos do Acaso, viaja pelo mundo em um dirigível cumprindo
missões cujas razões raramente conhecem.
Não há personagem ou tema principais neste
romance da carreira de Pynchon. O elenco, numa descrição atribuída ao próprio
autor, inclui 'anarquistas, balonistas, jogadores, magnatas corporativos,
entusiastas de drogas, inocentes e decadentes, matemáticos, cientistas loucos,
xamãs, físicos, ilusionistas, espiões, detetives, aventureiros e assassinos
profissionais' (além de um cão que lê Henry James). Momentos de trocas no
estilo de narrativa e temas e elementos - espiritualidade, história, jazz,
ciência, paranoia, psicologia, entre outros - para que o escritor possa
reafirmar sua visão do mundo e da modernidade.
13- Fausto –
Goethe
Considerado o último grande poema
épico escrito, e o maior escrito na modernidade, Fausto é um poema dramático em
que Goethe trabalhou desde a juventude; teve a sua primeira parte publicada em
1808, e a segunda, postumamente, totalizando mais de mil páginas de poema.
Na
obra, Goethe conta a história de um homem que vende sua alma ao diabo em troca
de ter seus desejos realizados, e toda as consequências trágicas que se seguem.
É
importante dizer que muitos livros que mereciam estar aqui não couberam. Como o
Infinite Jest, de David Foster Wallace, Sob A Redoma, de Stephen King, A Comédia
Humana, do Balzac, que é uma coleção de livros, As Crônicas de Gelo e Fogo, de
George R. R. Martin, também composta por vários livros, sendo cada um deles
maior que o outro, entre outros.