Olá pessoal... não, não... Eae, gente...
não, definitivamente, Oi, tudo bem?... bem original!! Começar uma resenha para
(supostos) leitores é mais complicado que parece. Vamos falar de uma vez em
livros então.
Meu primeiro contato com Neil Gaiman, O oceano no fim do caminho (Intrínseca,
2013), deixou um gosto ambíguo após a leitura, porque ainda não sei se gostei
ou só achei legalzinha a trama. Para ficar mais claro acho que preciso recorrer
a boa e velha estética literária. Existe uma verdade sobre Gaiman (ao menos
nesse livro) que não se pode negar: ele escreve muito mal! (Apesar que fãs
podem atribuir isso à sua tradutora), mas, entretanto, todavia, com certeza é inegável
que a história te prende! Isso mesmo, se falta cuidado com a escrita (e falta
muito!), a trama é realmente divertida. Existe um suspense muito bom e
elementos fantásticos que te convencem, mais que isso, você consegue ler e
imaginar como seria s adaptação para o cinema, porque é bem fotográfico. E o
final – o que fez a leitura valer a pena – te deixa com aquele sabor nostálgico
de sentimentos em conflito, junto de um melancólico vazio (um fato sobre mim:
adoro vazios melancólicos). Além de tudo isso, vale a pena dizer que o livro é
curto e pode ser lido em uma única tarde, sem falar que a capa é muito linda
(sim, eu li o livro por causa da capa).
A história (que propõe a ser adulta)
narra do ponto de vista de um garoto de sete anos (que dá ao romance mais um ar
infanto-juvenil que adulto) fatos extraordinários e terríveis que acontecem com
o protagonista, cujo nome não é revelado. A trama começa no presente, durante
um funeral, quando o homem de meia idade e narrador saturado da obrigação
social se afasta para pensar na vida. Ele é conduzido, quase que por instinto,
à fazendo no fim da estrada, e com isso, ao lago no fim do caminho, ou oceano.
É à margem desse lago\oceano que ele senta e com isso, por horas à fio, recobra
as memórias de quando tinha sete anos.
Neil Gaiman |
Tudo começa com sua família decadente,
cujo estado financeiro obriga os pais do narrador a alugar o quarto do menino,
que se vê obrigado a dormir com sua irmã mimada e egoísta. É uma história sobre
perda, da infância e a busca da identidade em um momento de transformação (ao
menos tenta ser assim), quando a vida adulta parece sufocar a vida da infância.
Ninguém entende o menino apaixonado por livros, nem seu pai, e ele se vê legado
ao segundo plano de sua família. O que piora quando um dos inquilinos do seu
antigo quarto decide cometer suicídio dentro do carro da família.
A partir desse momento coisas estranhas
começam a acontecer, fatos inexplicáveis e apavorantes. Como em um sonho, onde
o narrador sonha que algo está sendo enfiado em sua boca e ao acordar, descobre
que esta asfixiando-se com uma moeda. E é nessa altura da narração que as três personagens
mais fantásticas surgem. As três Hempstock, filha, mãe e avó, três mulheres que
vivem sozinhas na fazenda do fim da estrada e que são donas de um lago que a
mais nova, supostamente entre 11 e 12 anos, Littie, por quem o narrador ganha
grande afeto, chame Oceano. O que
acontece é que as três mulheres não são quem parecem. Na verdade, pertencem à um
mundo mais antigo que o nosso e são donas de incríveis dons. (principalmente a
avó, que é quase a Dumbledore da história, de tão foda). E é essa nova amiga,
Littie, quem apresenta ao narrador a verdade sobre a realidade, levando-o até
um mundo antigo e mágico, de onde um terrível mal acordou e pode por em risco o
mundo inteiro.
Enfim, partindo dos olhos de uma
criança, o livro explora os medos infantis mais essenciais e leva o leitor a se
perguntar se realmente existem adultos no mundo, afinal, por baixo do tamanho
sempre existem sentimentos e experiências que são cunhadas na infância e responsáveis
por determinar quem seremos por toda a vida. Um convite encantador, sim, à
reflexão, com muitos pontos líricos e símbolos dessa infância em conflito. Em
termos de literatura fantástica, posso dizer que, se não me tornei fã de
Gaiman, ao menos passei a entender porque existe uma legião de leitores que
admiram seu trabalho. O oceano no fim do
caminho é uma aventura de tirar o folego, dar algum medo e, se você bobear,
do tipo que te tira algumas lágrimas. Mas, mais do que tudo, é uma história
sobre os horrores de ser criança muitas vezes, em um mundo onde adultos se
recusam a nos ouvir.
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