sábado, 17 de agosto de 2013

Notas sobre o Oceano


Olá pessoal... não, não... Eae, gente... não, definitivamente, Oi, tudo bem?... bem original!! Começar uma resenha para (supostos) leitores é mais complicado que parece. Vamos falar de uma vez em livros então.
Meu primeiro contato com Neil Gaiman, O oceano no fim do caminho (Intrínseca, 2013), deixou um gosto ambíguo após a leitura, porque ainda não sei se gostei ou só achei legalzinha a trama. Para ficar mais claro acho que preciso recorrer a boa e velha estética literária. Existe uma verdade sobre Gaiman (ao menos nesse livro) que não se pode negar: ele escreve muito mal! (Apesar que fãs podem atribuir isso à sua tradutora), mas, entretanto, todavia, com certeza é inegável que a história te prende! Isso mesmo, se falta cuidado com a escrita (e falta muito!), a trama é realmente divertida. Existe um suspense muito bom e elementos fantásticos que te convencem, mais que isso, você consegue ler e imaginar como seria s adaptação para o cinema, porque é bem fotográfico. E o final – o que fez a leitura valer a pena – te deixa com aquele sabor nostálgico de sentimentos em conflito, junto de um melancólico vazio (um fato sobre mim: adoro vazios melancólicos). Além de tudo isso, vale a pena dizer que o livro é curto e pode ser lido em uma única tarde, sem falar que a capa é muito linda (sim, eu li o livro por causa da capa).
A história (que propõe a ser adulta) narra do ponto de vista de um garoto de sete anos (que dá ao romance mais um ar infanto-juvenil que adulto) fatos extraordinários e terríveis que acontecem com o protagonista, cujo nome não é revelado. A trama começa no presente, durante um funeral, quando o homem de meia idade e narrador saturado da obrigação social se afasta para pensar na vida. Ele é conduzido, quase que por instinto, à fazendo no fim da estrada, e com isso, ao lago no fim do caminho, ou oceano. É à margem desse lago\oceano que ele senta e com isso, por horas à fio, recobra as memórias de quando tinha sete anos.
Neil Gaiman
Tudo começa com sua família decadente, cujo estado financeiro obriga os pais do narrador a alugar o quarto do menino, que se vê obrigado a dormir com sua irmã mimada e egoísta. É uma história sobre perda, da infância e a busca da identidade em um momento de transformação (ao menos tenta ser assim), quando a vida adulta parece sufocar a vida da infância. Ninguém entende o menino apaixonado por livros, nem seu pai, e ele se vê legado ao segundo plano de sua família. O que piora quando um dos inquilinos do seu antigo quarto decide cometer suicídio dentro do carro da família.
A partir desse momento coisas estranhas começam a acontecer, fatos inexplicáveis e apavorantes. Como em um sonho, onde o narrador sonha que algo está sendo enfiado em sua boca e ao acordar, descobre que esta asfixiando-se com uma moeda. E é nessa altura da narração que as três personagens mais fantásticas surgem. As três Hempstock, filha, mãe e avó, três mulheres que vivem sozinhas na fazenda do fim da estrada e que são donas de um lago que a mais nova, supostamente entre 11 e 12 anos, Littie, por quem o narrador ganha grande afeto, chame Oceano.  O que acontece é que as três mulheres não são quem parecem. Na verdade, pertencem à um mundo mais antigo que o nosso e são donas de incríveis dons. (principalmente a avó, que é quase a Dumbledore da história, de tão foda). E é essa nova amiga, Littie, quem apresenta ao narrador a verdade sobre a realidade, levando-o até um mundo antigo e mágico, de onde um terrível mal acordou e pode por em risco o mundo inteiro.

Enfim, partindo dos olhos de uma criança, o livro explora os medos infantis mais essenciais e leva o leitor a se perguntar se realmente existem adultos no mundo, afinal, por baixo do tamanho sempre existem sentimentos e experiências que são cunhadas na infância e responsáveis por determinar quem seremos por toda a vida. Um convite encantador, sim, à reflexão, com muitos pontos líricos e símbolos dessa infância em conflito. Em termos de literatura fantástica, posso dizer que, se não me tornei fã de Gaiman, ao menos passei a entender porque existe uma legião de leitores que admiram seu trabalho. O oceano no fim do caminho é uma aventura de tirar o folego, dar algum medo e, se você bobear, do tipo que te tira algumas lágrimas. Mas, mais do que tudo, é uma história sobre os horrores de ser criança muitas vezes, em um mundo onde adultos se recusam a nos ouvir.

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