sábado, 15 de junho de 2013

LÍNGUA, FALA E NORMA

Atividade lingüística concreta, movimento dialético entre criação e repetição, inclui todas as variações que o falante pode acrescentar às inúmeras estruturações lingüísticas já formuladas e aceitas socialmente. Representa sempre um ato individual. Só aí é possível a comprovação de realizações inéditas do sistema e, por isso mesmo, constitui o grau máximo de variação lingüística. Mensagem codificada, nível de observação objetivamente comprovável, indica como se diz num determinado ato de fala. Caracteriza-se ainda por ser não convencional e opcional, mas opção individual de cada falante. Enfim, a fala é como funciona concretamente. Os fatos de norma são modelos abstratos e não manifestações concretas. Representam obrigações impostas numa dada comunidade sócio-lingüístico-cultural. Inclui elementos não relevantes, mas normais na fala dessa comunidade. A norma se constitui como realização coletiva, tradição, repetição de modelos anteriores. Indica como se diz, ao estabelecer códigos e subcódigos para diferentes grupos de uma mesma sociedade. É convencional e opcional, mas opção do grupo a que pertence o falante. Preserva apenas os aspectos comuns, eliminando tudo o que, na fala, é inédito, individual. A norma é modelo de como funciona. Os fatos de sistema são modelos abstratos,constituídos de oposições funcionais. Representa um código para toda a sociedade. Coseriu considera o sistema como um indicador de caminhos abertos e fechados, ou seja, de todas as possibilidades. Mais que um conjunto de imposições, é um conjunto de liberdades, a técnica lingüística propriamente dita. Elimina da norma tudo o que é simples hábito, simples tradição. É formado exclusivamente de invariantes. Sistema é o que funciona.

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