segunda-feira, 17 de junho de 2013

A tragi-comédia do futuro, segundo Aldous Huxley

Em um futuro 500 anos à frente de nossos dias, o mundo se tornou uma construção de plástico. Ter, comprar, sentir e obedecer, eis os mandamentos universais. A felicidade não é mais um objetivo, é uma máxima absoluta; não ser feliz é um crime. Quando pensamentos robotizados sintetizam o caráter humano em uma sociedade distopia profundamente consumista e toda celula familiar é dissolvida em uma fria estrutura passional de busca por prazer constante, a identidade do homem individual desaparece num mar de neon e entorpecentes politicamente corretos. Nesse futuro, ser é o fruto de um sistema delineado para preestabelecer os padrões direcionais da vida. O homem é aquilo que nasceu especificamente para ser – ou melhor dizendo, é aquilo para o qual foi fabricado e condicionado a ser.
É preciso que o caos nasça em uma esfera totalmente amputada da sociedade, para então ser enxertada no cerne dessa maquina absoluta e inefável. E ao fazer, a ideia de ser, ter, sentir, comprar e obedecer é questionada ao ponto de parecer loucura. Em um mundo de loucos, como pode a razão prevalecer? Admirável mundo novo é um quadro do mundo atual, satiricamente pintado com cores futuristas para retratar uma geração altamente consumista e de rasa propriedade emocional. Quando todas as esferas sociais são condicionada por parâmetros fúteis e vertiginosos, todo um mundo de “felicidade forçada” é uma cadeia por onde cegos desempenham seus papeis segundo as cordas do sistema, tomando essa pantomima trágico-cômica por vida. E será essa triste realidade que o jovem Selvagem irá encontrar no mundo civilizado após anos de ostracismo. Mas como pode alguém com valores sobreviver em uma sociedade de ideais comerciais e transitórios? O Selvagem é o caos em um sistema de mundo condicionado e estratificado pela filosofia capitalista e, quando o homem se torna o produto de consumo absoluto, será ele o resquício de uma consciência que vê o homem como ser e, por tanto, não pode se fazer compreender. A identidade é uma peculiaridade desconhecida para o homem do futuro. Um futuro triste espera o homem, diz Huxley em sua obra mais famosa. Não ser mais que um objeto ou a loucura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário