Ano novo, vida nova, clichê velho, tanto
quanto o velho clichê das promessas de ano novo, mas é meio por ai que vamos
abrir esse 2015 e nem é tanto por falta de ideias. O blog andou meio parado nos
últimos seis meses, e por isso o primeiro grande ato do ano vai ser reviver
isso aqui, tirar as teias, espantar as moscas e raspar uns pelos, mas é melhor
não explicar isso. Em todo caso, garantir um ano com muito mais conteúdo vai
ser meu objetivo em 2015 (eis nossa promessa). E, como não deixa de ser nem no
mundo da literatura, é hora de fazer o balanço, dos melhores e piores livros
lidos nesse falecido 2014 (e que já foi BEM tarde, na minha opinião).
Infelizmente, para mim, não foi um ano de grande descobertas literárias, mas
isso provavelmente foi reflexo do meu desleixo como leitor esse ano. 2014 foi o
ano em que menos li (desde que comecei a fazer contagem de livros lidos), e
sim, eu me envergonho disso! Entretanto (outra promessa de ano novo aqui! –
quantos parênteses, meu Deus!), nesse ano eu vou virar a mesa e bater meu
recorde. E enquanto isso não ocorre, eu preparei um balanço do que mais me
marcou e do que menos foi relevante, apesar de não ter tido nenhum livro que eu
tenha detestado ou desgostado muito, tudo foi um pouquinho bom pelo menos. Mas
vamos começar com os melhores:
Melhores livros de 2014:
01-
A
Caverna – José Saramago
Eu gosto MUITO do Saramago desde que eu
li (há uns dois, três anos) o Ensaio Sobre Cegueira, e desde então eu não havia
lido mais nada. Esse ano eu compensei, e li As Intermitências da Morte, que vi
muitos blogs falando que era maravilhoso, e tal, o que, aproposito, é verdade
absoluta. O livro tem uma construção maravilhosa, que já começa (estou falando
literalmente da primeira palavra) de um jeito curioso e termina de uma forma
redondinha. Entretanto, senti que faltou o mesmo “óóóó” do Ensaio Sobre a
Cegueira. Felizmente, li também A Caverna, por causa da faculdade, e acabou
sendo uma das melhores leituras não só do ano, como da minha vida. O livro
trata da representação do mito da caverna que Platão escreveu dois mil anos atrás
adaptado para o presente. Nessa recontagem do mito, o homem moderno não está
preso na caverna, ele quer fugir para a caverna, o que é representado por um
centro comercial que encarna simbolicamente o consumismo. É um livro político e
humanista ao mesmo tempo, que trata das relações humanas em todos os níveis:
pessoais, interpessoais, familiares, sociais, etc. E te faz ter muitas
reflexões. Mas vou falar melhor sobre ele em uma resenha em breve.
02-
Budapeste
– Chico Buarque
Eu precisava ler esse livro! Para tentar
redimir o Chico Buarque para mim. Eu havia lido Benjamim há algum tempo (ano
retrasado eu acho) e não gostei. Achei interessante, mas não chegava nem de
perto no que eu esperava. Budapeste, por outro lado, me ganhou já nas primeiras
páginas. Primeiro porque é sempre bom ler um autor brasileiro contemporâneo que
não trate nem de violência, nem de triângulos amorosos, nem fale em prosa
poética. Segundo porque o romance é leve em sua linguagem e denso em sua
profundidade, mergulhando no poder das palavras e na significação das palavras
sobre quem as profere, no caso o autor do livro, o que cria um efeito metalinguístico
incrivelmente poético (entendedores entenderão). Em todo caso, também foi uma
leitura que valeu pelo ano e me fez querer ler o mais rápido possível mais
coisas do Chico (principalmente depois das últimas eleições). Além disso, na
minha humilde opinião, eu acho que a literatura brasileira precisa de autores
tão diferentes assim, e com urgência.
03-
Homem
Comum – Philip Roth
Outro livro que entrou para as melhores
leituras da minha vida, O Homem Comum foi inclusive eleito por uma revista
americana como um dos melhores livros da primeira década do século XXI, em níveis
mundiais (um poder, claro, que só os americanos acham que têm, mas enfim, o
livro consta na mesma lista que vários de livros de autores de todas as
nacionalidades). O romance faz uma análise da morte e, mais propriamente, da
fim da vida, mas não vou comentar muito porque já tem resenha no blog. Em todo
caso, foi meu segundo livro do Philip Roth, e pela segunda vez o cara não me
decepcionou.
04-
A
Espera De Um Milagre – Stephen King
Esse é um daqueles livros que a gente se
pergunta: “por que demorei tanto para ler?”. Eu queria tanto ler que nem tinha
assistido ao filme, que é super cotado e amado por quem viu (e provavelmente
por isso não gostei). Chorei lágrimas até embaçar a visão e ter que parar de
ler para enxugar, e fiquei fascinado com esse Stephen King que eu não conhecia,
porque ou o tradutor era melhor do que ele, ou o cara realmente sabe escrever
boa prosa, e como fã do autor que já leu muitos livros dele, eu nunca tinha
encontrado um texto tão refinado e bem trabalhado como em A Espera de Um
Milagre. É literatura com L maiúsculo. Mas, não vou falar muito porque já fiz
uma resenha e com certeza grande maioria do planeta já conhece muito bem a
história.
E fica aqui uma menção honrosa para
2001: Uma Odisseia no Espaço, de Arthur C. Clarke, que me fez sofrer por saber
que minha geração nunca vai pisar em outro planeta, muito menos outra galáxia;
Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre, que foi a primeira obra literária do
autor que li e me deixou atônito; A Paixão Do Socialismo – De Vagões E
Vagabundo, de Jack London, que me deixou pobre, porque me fez comprar uns dez
livros do cara e já já vou fazer uma resenha sobre o livro; e finalmente a obra
de ensaios Como Morrem Os Pobres, de George Orwell, que na minha opinião mostra
o verdadeiro talento do cara, que era melhor ensaísta que romancista.
E, por fim, os não tão bons de 2014:
01-
Doutor
Sono – Stephen King
Em primeiro lugar, preciso dizer, que
gostei do livro sim, só que para ser a continuação da GRANDE obra do King eu
esperava mais, ou seja, o que me desanimou no livro foi, como sempre, as minhas
próprias expectativas. Em todo caso, já fiz resenha, e comentei que a mudança
drástica na estrutura narrativa é o ponto forte na medida em que reflete os
gostos do leitor de hoje, mas, por outro lado, destoa com qualquer expectativa que
eu tinha.
02-
A
Festa Da Insignificância – Milan Kundera
Então, motivos para os quais eu não
gostei de um livro do Kundera, o que foi uma surpresa terrível para mim:
primeiro, eu me senti burro lendo, porque tenho certeza que deixei escapar
todas as nuances de subentendidos que fizeram o livro ser classificado como um
dos melhores do ano pela crítica no Brasil; segundo, seja lá o digam, não é o
autor de A Insustentável Leveza do Ser. Ele arriscou algo totalmente novo, o
que foi chato, porque cada romance do Kundera é novo, mesmo sendo sempre ele.
Nesse caso, faltou a profundidade, a leveza e a beleza que eu gosto tanto.
Apesar que, como leitor de sua teoria, eu encontrei todos os elementos que o
autor aprecia na obra. Mas não gostei!
03-
Amalgama
– Rubem Fonseca
Outro dos meus autores favoritos, Rubem
Fonseca é provavelmente o escritor brasileiro que eu mais curto e é o único
autor que eu tenho a bibliografia completa, e apesar de não ter gostado nada
dos seus últimos três livros, eu provavelmente vou continuar comprando os
futuros na esperança de que ele volte a ser o que era. Porque se continuar
assim, é melhor se aposentar.
04-
O
Príncipe Da Névoa – Carlos Ruiz Zafón
Eu pensei que ia ter um eterno caso de
amor com o Zafón, aí eu li esse livro. Vale ressaltar que não é ruim, mas é o
primeiro livro dele, foi escrito para um público mais novo que o público de A
Sombra do Vento e muito tempo antes. Logo, isso faz a gente perdoar a ausência daquilo
que encanta na obra dele, aquela sensação de estar lendo um livro revelador.
Mas como entretenimento é até aceitável.
E é isso! A postagem ficou um pouco longa, mas 365 dias é um tempo bem longo, mesmo para quem leu pouco como eu, logo, foi uma medida proporcional. E agora, que venha 2015 com livros ainda melhores! \o
Nenhum comentário:
Postar um comentário